É mais uma manhã de gado, mas vejo se há
tempo para um pão de queijo embora não se possa chamar de pão de queijo, uma maçaroca
feita com polvilho, trigo e sabe-se lá mais o quê que tenha gosto de queijo. A
garçonete não me olha, se concentra numa nota que alguém lhe entregou , faz
caretas tão sobre-humanas, que não distingo se são de mau humor ou de
sofrimento. Seus olhos estão vermelhos, talvez não tenha dormido bem, como eu,
“socorro, preciso de um café”, penso, tentando fazer com que ela escute meu
pensamento. Ela diz, de repente, que não vai me atender se eu não pedir no
lugar certo, e me aponta uma fila que é, na verdade, inexistente e bagunçada e
em que o critério para ser atendido parece ser, “simpatizo com este aqui”.
Definitivamente ela não vai com a minha cara, pois atende a outros que chegaram
depois de mim e me deixa esperando. Quando finalmente não resta ninguém pra
atender, ela se vira pra mim, pega o meu dinheiro primeiro, olha a nota, diz
que não tem troco pra vinte, e tudo isso
com um olhar sádico. Não diz que sente muito por não ter troco , eu gostaria
que ela dissesse ,como no cinema americano: “I`m sorry”, mas ela não diz. No
Rio de Janeiro nunca dizem isso, as garçonetes adoram não sentir absolutamente
nada...
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