Estamos
num ônibus de excursão. O motorista parece perdido, sobe e desce ruas sem saber
aonde vai. Chamo B. , que está dormindo em sua cadeira e o convido a descer
comigo. Ele me olha desconfiado mas, desce assim mesmo, aborrecido. Todos ali
parecem ser nossos amigos e ficaram dias viajando conosco, mesmo assim , saímos
sem nos despedir de ninguém. De repente, eu percebo que não sei onde estou, o
ponto do ônibus que deveria nos levar pra casa não está lá. B. me olha furioso.
Peço pra ele esperar enquanto entro num bar onde todos os garçons servem vestidos apenas de
cuecas brancas. Um deles me diz onde fica o ponto. Saio confiante, mas B. fugiu.
Ele reaparece num parque que fica incrivelmente inclinado no fim da rua, mas
não é mais adulto. Ele deve ter agora uns 10 anos de idade e veste uma bermuda
azul que caberia num adulto. Eu grito pra que ele me espere, mas ele some no
meio das árvores. Eu vou até o parque, mas descubro que as pontes se movem
quando andamos sobre elas e os caminhos desaparecem aqui e ali. Eu tento me
equilibrar numa ponte e chego no que parece ser o final do parque. Encontro
uma rua com uma vila de casas muito antigas , desbotadas e maltratadas. Todas
elas tem torres e uma delas, a do meio da vila, tem um relógio de sol dentro da
torre. Uma criança passa e grita pra sua mãe:
- Olha!!! Eu queria morar naquela casa!
Eu rio e
digo pra ela:
- Toda criança devia morar numa casa com um relógio de sol.
A mãe me
olha furiosa e diz:
- Se você falar isso de novo na frente dela, eu te mato!!
E sai
arrastando a criança pelas mãos...
(...)
Isso poderia
ser o roteiro de um filme surreal, mas é apenas parte do sonho que tive esta
noite...
Sonhos são
coisas estranhas. O senso comum diz que eles organizam a nossa vida, mas a
maior parte deles parece nos jogar na cara, o quanto nossa vida é limitada. Meu
pai me diz que tomadores de soníferos
nunca sonham, por isso ele não sonha. Em homenagem a ele escrevi uma vez um
conto de um homem que nunca sonhava, mas acaba, sem querer, entrando dentro do sonho da filha e vê o que
ela sonha...
(Eu poderia
mesmo doar um pouco dos meus sonhos, porque são muitos...)
Uma coisa
comum nos meus sonhos é ver os adultos virarem crianças, crianças virarem
velhos e assim por diante, ninguém garante a idade que tem neles. Também
pessoas que já morreram aparecem ligadas a outras que nunca se conheceram em
vida. Acho que Freud chamava a isso de deslocamento ou condensação, não estou bem
lembrada...rs
Minha filha,
por exemplo, nunca aparece com a idade que tem neles, ela é sempre criança, nem
por isso, seu fardo é menos pesado, digamos assim. Tanto que num sonho que tive com ela, um dos
mais emblemáticos, ela era obrigada a carregar uma mala muito, muito, muito pesada,
só que ela era criança, mas não era criança....enfim , essa confusão. Contado
desse jeito e sem detalhes não parece nada, mas foi um sonho muito perturbador.
Outra coisa
recorrente nos meus sonhos são o que chamo de “Sonhos de Alice”, onde alguém é
muito grande ou muito pequeno para caber ou passar por algum lugar. Tive um
desses recentemente, onde uma
antiga colega de trabalho me torturava dentro de um lugar que parecia
ser uma Kombi gigante, mas onde eu deveria andar me rastejando por dentro de uns
tubos de PVC em que eu mal cabia, não antes de encontrar um dado par de sapatos
que eu perdera....socorro!Esse, acho, que
foi da categoria pesadelos, com
certeza!
Meus
pesadelos envolvem também animais selvagens (parece que é algo muito comum),
que são como lobos gigantes (de qualquer maneira animais que eu nunca vi) e
cobras, muitas cobras rastejantes, geralmente negras....num deles, elas
apareciam num fundo de uma piscina ENORME, no
meio de uma festa...
Também
envolvem cidades detonadas (e olha que eu nunca participei de uma guerra...rs)
mas parece que isso veio de outra vida ou sei lá o quê. Só pode...rs. A
sensação de estar em lugares destruídos, bombardeados, esquecidos pelo tempo,
escombros, construções, aparece sempre.
Também música
é algo presente nos meus sonhos. Eu não sei por que nunca me lembro delas
quando acordo, o que só aconteceu uma
vez com uma abertura de voz muito delicada, que ficou na minha cabeça até hoje.
Acho que é porque não estudei música, se tivesse estudado, tenho certeza que ia
compor a partir desses sonhos, como Mc.Cartney fez com Yesterday que apareceu pra ele num sonho,
toda , inteira. Ele achou tão f...que acordou desconfiado pensando que a música
já existisse, mas não. Era dele, ou melhor, do sonho inteiro dele.
Incrível,
não? (Se eu tivesse juízo, tratava de ir estudar um pouco de música...rs.)
Festas com
convidados que nunca estariam juntos no tempo ou no espaço (a tal da
condensação) ; primas conversando
felizes; mar IMENSO; paredes se desfazendo, virando pó; a praia de Icaraí como
uma escarpa alta como a costa da Sardenha, o mar azul, incrivelmente azul
e uma espécie de carro de polícia preto
e grande, tudo isso ao som de um rock alucinado, mas de repente o carro de
polícia não está mais lá , mas
equilibrado exatamente em cima da Pedra do Índio..... Quantos sonhos pra lá de doidos!!!...rs
Mas, legal
mesmo é o sonho de voar. Num, relativamente recente , eu e meu namorado
estávamos voando. Não exatamente voando e pra variar, o cenário era horroroso: uma
zona rural devastada, empoçada e enlameada. Mas, nós estávamos lá numa espécie
de céu meio cinza (como o de São Paulo...rs), com asas também meio cinzas, a dele era maior do que a
minha. A julgar pelo voo mesquinho dos dois (devíamos ser anjos recentes ou
algo do tipo), pois eu, principalmente, não fazia a menor ideia de como voar
mais alto do que fazíamos, mas ele batia as asas com força e por fim, atingia
uma altura considerável, enquanto eu ficava embaixo...
Nem todo
sonho de voar envolve asas. Num outro, eu levitei numa altura de mais ou menos uns
cinco metros, vestida de amarelo com uma roupa ridícula de evangélica, saia
combinando com a blusa...rs. Fazia isso suando frio pra escapar de alguma coisa
que eu não lembro...
Esses sonhos envolvendo voos são , de qualquer forma, os meus preferidos.
Agora,
chega de loucuras....rs...
Coisa de feriado!
E vocês aí, sonham?
Escrevi isso aqui em 2016 e comecei a estudar piano em 2020, no meio da pandemia de Covid. Devia ter começado a estudar música desde que tive sonhos com ela...
ResponderExcluirSó quero deixar isso aqui registrado. Sei lá por que...