sábado, 11 de julho de 2020

10 escritores que valem a pena


1.       1. Jorge Luis Borges

Li pouco dele. Mas o pouco que li, me deixou tonta como se eu tivesse descoberto uma espécie de tesouro pirata. Contos meio inescrutáveis são uma mistura da sua enorme erudição, que ele negava – ele mesmo disse em entrevista que leu muito pouco na vida  e tinha os livros e uma biblioteca enorme apenas pra se cercar deles,  já que era limitado pela sua cegueira que foi acometida por volta dos 50 anos-  com uma imaginação sem limites. 
Não são pra qualquer leitor. Só para os que amam muito a literatura e a ideia da literatura. Muitos deles não contam histórias precisas, daquelas que se esperam ser contadas - mas, são desdobramentos literários de uma mente que mistura ficção, realidade e um amor aos livros. O resultado é inimaginável! Nunca vi em nenhum escritor e acho que nunca veremos de novo. Borges é ÚNICO.

2.      2.  Gabriel García Márquez

Matei muita aula pra ler “Cem anos de solidão”, o primeiro livro que li deste incrível escritor e seu maior clássico. Quem nunca leu esse livro, devia sair correndo e comprar agora. A história da família Buendia é imperdível. É um verdadeiro contador de histórias, uma se segue a outra, em série, como se estivéssemos navegando numa aventura sem fim. Há uma pitada de mágica, de beleza  em tudo o que ele escreve.


3.       3. Julio Cortázar

Esse aqui me fez amar os contos  e até hoje  é meu gênero preferido. Cortázar admitiu várias vezes que escrevia contos,  influenciado pelos seus sonhos.  E é por isso que sua pegada surrealista pode ser vista em muitos deles.  E trazem aquele quê de Insondável...
 É um escritor que sempre volto pra reler alguma coisa, que sinto saudades, e volta e meia está na minha cabeceira. Intrigante, lindo e misterioso.

4.       4. Clarice Lispector

Sei que é um clichê gostar de Clarice, mas não tem como...rs. Das mulheres ela é minha número um (mas tem, claro,  Jane Austen, Virgínia Wolf, Katheryn Mansfield, Karen B.,Alice Munro etc  etc etc). Alguém já disse e não lembro quem, que ler Clarice é como “conhecer uma pessoa”. E é exatamente isso.

É uma aventura. Clarice, para mim é o verdadeiro arquétipo do escritor porque  ela escreve tateando, buscando alguma coisa , que nem ela sabe  - parece – e o leitor , percebe isso . Vai ficando com raiva, com medo , incomodado, entediado até - até que  de, repente, ela encontra , e daí, ela consegue te mostrar  e você consegue enxergar além das palavras.

5.       5. Charles Bukowski

Yes. O “velho safado”, o maldito, o alcóolatra, o destemperado. Não existia jovem rebelde que não lesse Bukowski  quando eu era adolescente. A gente se deliciava com as maluquices de Chinasky, o alter ego de Bukowski. Ele não só é um escritor maldito, e ignorado pela academia (e por isso , melhor ainda...rs) como é também um poeta incrível. Sua linguagem crua, sem peias, suas prostitutas, seus bares, seu whiskie  derramado, sua bebedeira, seus modos toscos – tudo – é uma desculpa pra um lirismo que surge nos lugares mais inesperados...

6.       6. Philip Roth

Esse aqui no futuro, se eu não estiver enganada, será execrado. Talvez se rasguem os seus  livros em praça pública. Philip Roth é um animal em extinção.  Pela literatura que se faz agora e pelo caminho que estamos indo, acredito que ele seja um dos últimos moicanos da literatura maldita , desassombrada.

Li  quase nada  dele, mas  já se tornou um dos meus queridos. E quero ler tudo dele. Faz uma literatura sem peias, sem poupar ninguém, sem amarras,  estilo anárquico, caótico, errático, com uma galeria de personagens que vai jogando  na sua cara aos poucos, com muito dele mesmo, muito do mundo americano, daquela  coisa de Nova York, dos imigrantes, dos judeus, do estranho, do mundo gauche, da marginalidade,  com uma pitada de melancolia  e muito de humor. Você simplesmente desanda a rir lendo os livros. E se vê dizendo ,  muitas vezes: “Mama mia, que cara loucoooo!” ...rs. Crazy, crazy.

É um pouco chocante e acredito que  da geração milennium em diante  ninguém consiga lê-lo sem nojo. Com seus modos e linguagem padronizados e previsíveis  e comportamento moralista e acusador, dificilmente captariam o espírito desse escritor totalmente amoral,  que passa muito longe desse esboço tecnocrata  que vem reduzindo o mundo a esquemas corporativos regrados,  sem alma, e sem ternura...

(Agora, se você faz parte dessa geração e gosta de Bukowski, acho que talvez consiga suportar este aqui...). E, parabéns, você é um ser extraterrestre! rsrs

(Estou falando na maior sinceridade e quem avisa, amigo é!)

Não é pra qualquer leitor  , definitivamente, só indico àqueles que  põem a literatura acima dos nojinhos e considerações morais. Realmente quando se lê “O teatro de Sabath”, por exemplo(um livro que eu adoro!), vai dando um certo asco as loucuras do personagem, sua obsessão por sexo – e sexo vulgar – em alguns momentos, mas isso, não resume a essência do autor, nem de longe.

  Philiph Roth escreveu enlouquecidamente (tem  uma obra caudalosa    e  mesmo quando anunciou que ia parar de escrever, não    conseguiu).  Era um escritor  daqueles de vocação, que não existem    mais...

  O que veremos no futuro será outro tipo de literatura. Eu não sei    ainda  qual...

(Mas eu, sempre vou preferir as velharias....rs)

Até gostaria de conhecer um escritor novo  de que eu gostasse , mas ainda não aconteceu, infelizmente. Quando eu gosto de alguém que não conheço, então vou conferir e o cara já dobrou os 40, 50, até 80 anos, no mínimo, se já não morreu...rs.

O engraçado é que os escritores do século XX, por exemplo, já eram bons, mesmo na juventude...alguns escreveram seus melhores livros bem jovenzinhos, o que é um caso a se pensar...

Fica pra outra hora!

7. Nelson Rodrigues

O melhor dramaturgo brasileiro e, com certeza, o mais consistente. Nelson Rodrigues era tão bom como criador, quanto era como observador da sociedade real. Mal compreendido até hoje, é  outro que vive á margem da academia, e se você se der ao trabalho de ler ao que algum intelectual fala dele hoje(infelizmente eu fiz isso!), dá até raiva de tanta burrice tosca e de tanta  incompreensão, mas mesmo assim ele nunca pôde ser ignorado. Sua obra fala por si só. É um retrato da sociedade brasileira: machista, imoral , hipócrita. Sem falar na compreensão que ele tinha dos desejos humanos. Escrevia sem medo, de forma deslavada.  Uma característica só dos grandes, que não se importam com a opinião dos cretinos obtusos, que fazem uma literatura envergonhada.

7. 8.   Dezsó Kosztalányi

Ele é húngaro e só o conheci agora. Mas decidi incluí-lo na lista porque não queria  que essa lista ficasse aquela coisa chata , de só clássicos que todo mundo já conhece. Então  achei por bem colocar um desconhecido do leste europeu. Esse escritor é uma delícia. Seu único livro que li (O Tradutor Cleptomaníaco)  é tão engraçado ,  inteligente,  lúdico e imaginativo e em alguns momentos me lembrou o humor brasileiro transplantado pra outro ambiente. Daí acredito que os brasileiros possam se identificar. Eu fiquei maravilhada!

9. Thomas Mann

Thomas Mann é talvez, dos clássicos, o meu preferido. Gosto até mais do que de Tolstói, talvez, não sei. É páreo duro!

Meu livro preferido é “A Montanha Mágica” (infelizmente emprestei pra alguém que nunca me devolveu, motivo pelo qual não empresto mais livros!)

  10.  Charles Dickens

Esse aqui é um escritor que todo mundo tem que ler pelo menos uma vez na vida. Dickens faz as melhores descrições da literatura para mim, de forma que você é transportado pra uma Londres sombria, invernal e vê TUDO na sua cara, como se estivesse diante de um filme. É incrível! Seus personagens são tão bem construídos , a partir da descrição do próprio ambiente, que você consegue enxergar aquelas vidas presas ali naquela dada situação e se apaixona por muitos deles e tem raiva e horror de outros, exatamente como se a literatura fosse a própria vida. É um mágico.

Gosto de ler Dickens quando o mundo real não me interessa mais e preciso de uma fuga, quando passo por muita coisa ruim. Fecho as janelas, abro um livro seu e adeus  mundo...rs.


·        *** Outra hora, se eu estiver com paciência, continuo essa lista. Quem sabe consigo fazer uma lista dos vivos!