1. 1. Jorge Luis Borges
Li pouco dele. Mas o pouco que li, me
deixou tonta como se eu tivesse descoberto uma espécie de tesouro pirata. Contos
meio inescrutáveis são uma mistura da sua enorme erudição, que ele negava – ele
mesmo disse em entrevista que leu muito pouco na vida e tinha os livros e uma biblioteca enorme
apenas pra se cercar deles, já que era
limitado pela sua cegueira que foi acometida por volta dos 50 anos- com uma imaginação sem limites.
Não são pra qualquer leitor. Só para os que
amam muito a literatura e a ideia da literatura. Muitos deles não contam histórias
precisas, daquelas que se esperam ser contadas - mas, são desdobramentos
literários de uma mente que mistura ficção, realidade e um amor aos livros. O
resultado é inimaginável! Nunca vi em nenhum escritor e acho que nunca veremos
de novo. Borges é ÚNICO.
2. 2. Gabriel García Márquez
Matei muita aula pra ler “Cem anos de solidão”, o primeiro livro que li deste incrível escritor e seu maior clássico. Quem nunca leu esse livro, devia sair correndo e comprar
agora. A história da família Buendia é imperdível. É um verdadeiro contador de histórias, uma se segue a outra, em
série, como se estivéssemos navegando numa aventura sem fim. Há uma pitada de
mágica, de beleza em tudo o que ele
escreve.
3. 3. Julio Cortázar
Esse aqui me fez amar os contos e até hoje
é meu gênero preferido. Cortázar admitiu várias vezes que escrevia
contos, influenciado pelos seus
sonhos. E é por isso que sua pegada
surrealista pode ser vista em muitos deles. E trazem aquele quê de Insondável...
É um
escritor que sempre volto pra reler alguma coisa, que sinto saudades, e volta e
meia está na minha cabeceira. Intrigante, lindo e misterioso.
4. 4. Clarice Lispector
Sei que é um clichê gostar de Clarice, mas não tem como...rs.
Das mulheres ela é minha número um (mas tem, claro, Jane Austen, Virgínia Wolf, Katheryn Mansfield, Karen B.,Alice
Munro etc etc etc). Alguém
já disse e não lembro quem, que ler Clarice é como “conhecer uma pessoa”. E é
exatamente isso.
É uma aventura. Clarice, para mim é o verdadeiro arquétipo
do escritor porque ela escreve tateando,
buscando alguma coisa , que nem ela sabe
- parece – e o leitor , percebe isso . Vai ficando com raiva, com medo ,
incomodado, entediado até - até que de,
repente, ela encontra , e daí, ela consegue te mostrar e você consegue enxergar além das palavras.
5. 5. Charles Bukowski
Yes. O “velho safado”, o maldito,
o alcóolatra, o destemperado. Não existia jovem rebelde que não lesse Bukowski quando eu era adolescente. A gente se
deliciava com as maluquices de Chinasky, o alter ego de Bukowski. Ele não só é
um escritor maldito, e ignorado pela academia (e por isso , melhor ainda...rs)
como é também um poeta incrível. Sua linguagem crua, sem peias, suas prostitutas,
seus bares, seu whiskie derramado, sua
bebedeira, seus modos toscos – tudo – é uma desculpa pra um lirismo que surge
nos lugares mais inesperados...
6. 6. Philip Roth
Esse aqui no futuro, se eu não
estiver enganada, será execrado. Talvez se rasguem os seus livros em praça pública. Philip Roth é um
animal em extinção. Pela literatura que
se faz agora e pelo caminho que estamos indo, acredito que ele seja um dos
últimos moicanos da literatura maldita , desassombrada.
Li quase nada dele, mas já se tornou um dos meus queridos. E quero ler
tudo dele. Faz uma literatura sem peias, sem poupar ninguém, sem amarras, estilo
anárquico, caótico, errático, com uma galeria de personagens que vai
jogando na sua cara aos poucos, com
muito dele mesmo, muito do mundo americano, daquela coisa de Nova York, dos imigrantes, dos
judeus, do estranho, do mundo gauche, da marginalidade, com uma pitada de melancolia e muito de humor. Você simplesmente desanda a
rir lendo os livros. E se vê dizendo ,
muitas vezes: “Mama mia, que cara loucoooo!” ...rs. Crazy, crazy.
É um pouco chocante e acredito
que da geração milennium em diante ninguém consiga lê-lo sem nojo. Com seus modos
e linguagem padronizados e previsíveis e comportamento moralista e acusador, dificilmente captariam o espírito desse
escritor totalmente amoral, que passa
muito longe desse esboço tecnocrata que vem reduzindo o mundo a esquemas corporativos regrados, sem alma, e sem ternura...
(Agora, se você faz parte dessa
geração e gosta de Bukowski, acho que
talvez consiga suportar este aqui...). E, parabéns, você é um ser extraterrestre!
rsrs
(Estou falando na maior
sinceridade e quem avisa, amigo é!)
Não é pra qualquer leitor , definitivamente, só indico àqueles que põem a
literatura acima dos nojinhos e considerações morais. Realmente quando se lê “O
teatro de Sabath”, por exemplo(um livro que eu adoro!), vai dando um certo asco
as loucuras do personagem, sua obsessão por sexo – e sexo vulgar – em alguns
momentos, mas isso, não resume a essência do autor, nem de longe.
Philiph Roth escreveu enlouquecidamente (tem uma obra caudalosa e mesmo quando anunciou
que ia parar de escrever, não conseguiu). Era um escritor daqueles de vocação, que não existem mais...
O que veremos no futuro será outro tipo de literatura. Eu
não sei ainda qual...
(Mas eu, sempre vou preferir as velharias....rs)
Até gostaria de conhecer um escritor novo de que eu gostasse , mas ainda não aconteceu,
infelizmente. Quando eu gosto de alguém que não conheço, então vou conferir e o
cara já dobrou os 40, 50, até 80 anos, no mínimo, se já não morreu...rs.
O engraçado é que os escritores do século XX, por exemplo,
já eram bons, mesmo na juventude...alguns escreveram seus melhores livros bem
jovenzinhos, o que é um caso a se pensar...
Fica pra outra hora!
7. Nelson Rodrigues
O melhor dramaturgo brasileiro e, com certeza, o mais
consistente. Nelson Rodrigues era tão bom como criador, quanto era como
observador da sociedade real. Mal compreendido até hoje, é outro que vive á margem da academia, e se
você se der ao trabalho de ler ao que algum intelectual fala dele hoje(infelizmente
eu fiz isso!), dá até raiva de tanta burrice tosca e de tanta incompreensão, mas mesmo assim ele nunca pôde
ser ignorado. Sua obra fala por si só. É um retrato da sociedade brasileira:
machista, imoral , hipócrita. Sem falar na compreensão que ele tinha dos
desejos humanos. Escrevia sem medo, de forma deslavada. Uma característica só dos grandes, que não se
importam com a opinião dos cretinos obtusos, que fazem uma literatura
envergonhada.
7. 8. Dezsó Kosztalányi
Ele é húngaro e só o conheci agora. Mas decidi incluí-lo na
lista porque não queria que essa lista
ficasse aquela coisa chata , de só clássicos que todo mundo já conhece.
Então achei por bem colocar um
desconhecido do leste europeu. Esse escritor é uma delícia. Seu único livro que
li (O Tradutor Cleptomaníaco) é tão
engraçado , inteligente, lúdico e imaginativo e em alguns momentos me
lembrou o humor brasileiro transplantado pra outro ambiente. Daí acredito que
os brasileiros possam se identificar. Eu fiquei maravilhada!
9. Thomas Mann
Thomas Mann é talvez, dos clássicos, o meu preferido. Gosto
até mais do que de Tolstói, talvez, não sei. É páreo duro!
Meu livro preferido é “A Montanha Mágica” (infelizmente
emprestei pra alguém que nunca me devolveu, motivo pelo qual não empresto mais
livros!)
10. Charles
Dickens
Esse aqui é um escritor que todo mundo tem que ler pelo
menos uma vez na vida. Dickens faz as melhores descrições da literatura para
mim, de forma que você é transportado pra uma Londres sombria, invernal e vê
TUDO na sua cara, como se estivesse diante de um filme. É incrível! Seus
personagens são tão bem construídos , a partir da descrição do próprio
ambiente, que você consegue enxergar aquelas vidas presas ali naquela dada
situação e se apaixona por muitos deles e tem raiva e horror de outros,
exatamente como se a literatura fosse a própria vida. É um mágico.
Gosto de ler Dickens quando o mundo real não me interessa
mais e preciso de uma fuga, quando passo por muita coisa ruim. Fecho as
janelas, abro um livro seu e adeus mundo...rs.
· *** Outra hora, se eu estiver com paciência, continuo
essa lista. Quem sabe consigo fazer uma lista dos vivos!