Central do Brasil, eh oooÔÔÔ vida de gado....
Sempre ando a passos largos, tão largos quanto
eu posso no meio de uma turba. Meus
saltos não ajudam. Os “moambeiros” estão por toda parte, os evangélicos também,
decidiram provar a Glória de Deus às seis da manhã, o tráfego das pessoas é
impressionante, como numa feira medieval e suas intenções um código extra a se
traduzir. Não entendo, por exemplo, se a
mulher à minha frente quer parar pra ver os artigos que estão expostos no chão
ou se vai seguir com a turba, sua hesitação me atrapalha, uma vez que é pelo
seu ritmo que me guio ou deveria me guiar, não tenho outra opção levada assim
por uma massa, uma onda, onde ela se torna minha referente. Tento me equilibrar
no salto alto e manter o ritmo de meu andar, mas ela me arruína. Quando para
subitamente, quase caio por cima dela, aliás, não em cima dela exatamente,
porque com a força que fiz pra me equilibrar quando ela parou e o chão de
paralelepípedo geometricamente tombei um centímetro pro lado, o que me fez cair
quase em cima do cidadão de aparência truculenta que me empurra e diz grosseiramente: “Peraí, madame”. Peço
desculpas com um gesto vago, pois o sinal já abriu e não há mais tempo, são
três pistas pra percorrer antes que ele feche de novo, ele dura exatamente
segundos pra fechar de novo e então só abrirá daí a três minutos, que podem ou
não ser fatais em termos de cronômetro para quem bate ponto e é gado. Alguém grita irritado do meio da turba: “puta-que-
o- pariu, o povo não anda nem sai da frente”. Automaticamente procuro de onde
vem a voz para acompanhá-la, com certeza ele vai ter o ritmo de que eu
preciso...