domingo, 15 de setembro de 2013

I love my car

O amor aos carros ,a que por um defeito genético qualquer me falta, é tão grande que alguns desses semideuses são vistos como fins em si mesmos, e não meios. São amados como bens maiores, como os cachorros, as músicas preferidas e os celulares. Donos de carros grandes e potentes são particularmente vulneráveis a essa paixão. Uma espécie de confirmação do poder da pessoa.  É quase certo, do ponto de vista de quem anda a pé pela cidade, que há muito mais probabilidade de buzinadas no seu ouvido de um dono desses gigantes motorizados do que de um fusquinha ferrado. Há uma relação direta entre autoconfiança & o tamanho do carro.

Dia desses tomei uma buzinada de um desses. Era gigante, preto e brilhoso, o pitbull dos carros. Seu dono, impaciente, e deveras amparado pelo seu poder psicológico de máquina mortífera, me viu brevemente colocando os pés na esquina e resolveu, antes que eu avançasse um passinho, testar o meu tímpano maltratado. O que ele não viu era que o sinal acabava de fechar pra ele, que se viu obrigado não só a me ver atravessar a rua, como ainda conheceu o meu sorrisinho sonso que costumo dar a babacas como ele, acrescido, tal era a raiva que eu senti da buzina histérica direcionada constrangedoramente a mim, de um sinalzinho bem conhecido dos dedos que quer dizer exatamente: “vai tomar no seu ...”. Belo contraste com meu vestidinho branco de professora cheia de gentilezas. Ah, quando eu perco a minha doçura!!! A cara dele não vi, que o vidro, claro, era blindado, mas  coitado, ele nem pôde me atropelar...   

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